sexta-feira, 3 de maio de 2013




NO OUTONO DE MEU SER

Eu vi um chão forrado de folhas secas. Linda cena de se ver.
Vi o outono do meu ser.
Vi um raio de sol filtrado entre os pinheiros.
Vi sorrisos verdadeiros.
Vi gentleman e canalhas.
Vi fagulhas alimentando fornalhas.

 sonia delsin 



TEMPO DE DESENCONTRO

Te encontrei por acaso.
Mas por acaso o acaso existe?
Nosso encontro.
Tudo de bom.
De alegre.
De triste.

Eu te reencontrei
e com aquele sexto sentido que temos
adivinhei.
Era você meu amado.
Meu querido.
O homem do meu passado.

Mas nesta vida,
de viver ao seu lado acho que fui proibida.

Doeu. Doeu muito mais do que a busca o seu afastamento.
Porque o buscar me fazia vibrar.
Me fazia sonhar...

E ao te perder eu pude compreender
o que era sofrer.
E hoje lhe digo.
Você não quer entender.
Prefere se distanciar do que buscar uma maneira de comigo ficar.

sonia delsin 



MONÓLOGO

Olá, amigo. Quero lhe falar.
Tenho tanto a lhe contar.
Minha alma dolorida tem horas que só deseja voar.

Meu amigo, eu me machuquei demais nestas estradas que andei.
E você conhece bem o que eu passei.

Estou a lhe chatear querendo desabafar?
Estou a lhe cansar ou consegue mais um pouco me aguentar?

Sabe, ontem alguém segurou minha mão.
Verdade, um amigo. Um irmão.

Ele me falou algo significativo.
Falou que já encontrei o lenitivo.

Falou que no meu viver ainda vou encontrar muito riso.
E que tudo que passei foi preciso.

Amigo, perdoe pelo excesso.
Perdoe se estou sempre contando de meu carinho em prosa e verso.

Perdoe se buscando um diálogo eu acabo me perdendo num monólogo.


sonia delsin 


ESTOU COMO FOLHA CAÍDA

Hoje estou derrubada.
Estou como folha na calçada.
Ao sabor do vento.
Num total isolamento.

Hoje algo me derrubou.
Uma tristeza me pegou.

Meus olhos estão rasos d’água.
Estou machucada.
Extremamente magoada.

Quem me feriu?
Foi a própria vida.
Estou com uma ferida.

Sim, com um ferimento a sangrar.
Preciso dele cuidar.
Preciso ir correndo buscar uma bandagem e me recuperar.
Porque o tempo está a passar.

Quero deixar de sofrer.E quero viver pra valer.

sonia delsin 


FAZER AMOR NO CARRO

É desconfortável fazer amor no carro.
Mas digamos de passagem... é bom. Como é bom!
Quando as carícias vão ficando mais intensas.
Quando o corpo vai esquentando.
A gente vai se entregando.
No banco escorregando.
Um beijo no pescoço.
Beijo gostoso.
Perigoso.

As mãos começam a caminhar...
Apressadas, não conseguem se controlar.
Mas depende do lugar... é preciso parar.

Fazer amor no carro só onde está autorizado.
E o casal não pode ser desajuizado.


sonia delsin 



TRANSPORTADA
 
Transpus uma porta e cheguei num mundo encantado.
Cachoeiras?
As imagináveis e não imagináveis. E ainda por cima coloridas.
Arco-íris?
Vários. Também insonháveis.
 
Transpus muros e encontrei um mundo ainda mais inquietante.
Cheguei num mirante.
Eu podia voar até ele.
Sabia que podia.
Coragem não me faltaria, mas as asas feridas não me permitiam.
 
Então um anjo chegou.
Me olhou.
Me admirou e falou.
A voz me penetrou.
Era a mais cálida das vozes.
 
Ele me convidou a pegar uma carona nas suas asas.
Eu as olhei... eram azuis.
Os olhos do anjo eram incomuns.
Aceitei.
 
Com ele eu voei, voei...
E chegamos.
O país era algo deslumbrante, cativante.
 
Nele nós dois não andávamos. O anjo tinha suas poderosas asas e eu
descobria que durante o percurso as minhas tinham se recuperado.
Lá longe tinha ficado o passado e aceitei ficar morando neste lugar.
 
Mas como o tempo não pára, ele continuou a passar.
O anjo retornou ao mundo antigo e eu me deixei ficar.
Só que um dia descobri que a solidão ia me matar.
Resolvi voltar, ou procurar outro canto pra morar.
 
O recurso de minhas asas eu tinha.
Mas algo me prendia a este mundo. Talvez fosse o profundo que ele me
fazia enxergar.
O profundo que habitava o meu próprio olhar.

sonia delsin 



UM PASSO BASTARIA
 
Por que não dou um passo
e não me abraço
ao seu peito de aço?
Por que reluto tanto
em cair nos seus braços?
 
Por que minha boca
que tanto quer sentir o seu beijo
e este meu corpo que queima de desejo
ficam parados?
 
Se sonho com nós dois abraçados...
Se quero tanto viver momentos de sonho ao seu lado...
 
Por que me incomodo com o passado?
Por que prefiro viver assim com meu coração magoado?
 
Por que, se a vida é tão curta, não a curto como deveria?
Quem diria que um dia chegaria a esta realidade tão vazia.
 
Se um passo é o suficiente
por que não me faço de valente
e sigo em frente?
 
sonia delsin